Maria Isabel
Desde a descoberta da gravidez, o desejo era viver um parto menos invasivo, mais respeitoso e ser protagonista, não mera coadjuvante. Isso não significa que seja contra as pessoas que fazem opções diferentes dessas; significa apenas minhas opções, minhas escolhas. Mas, se segue o mesmo caminho da gestação da Isabela, o final tb seria o mesmo…. Então começamos a buscar – e o texto passa a ser escrito no plural pois foi um projeto NOSSO, numa parceria absurda com o melhor companheiro que poderia ter nesse momento.
Mensagens, buscas, ligações… chegamos na Ariana. Com pouca semana de gestação, lá estávamos nós, buscando outro caminho que não sabíamos, ao certo, qual seria. Fomos deixando a vida nos levar e mostrar as possibilidades. Ainda assim, seguíamos também com os cuidados de Cristiane Padão, afinal, se o caminho mostrasse uma cesariana, ela seria a Pessoa.
Foram muitas viagens para as consultas… numa delas, ainda no meado da gestação, era preciso definir: será um parto domiciliar? Ah! Que sonho seria receber nossa filha em casa…, mas o sonho foi interrompido por conta da distância da maternidade mais próxima ao lar. Parto Domiciliar descartado. Então, qual seria o outro caminho? A Maternidade Maria Amélia passou a ser o plano A. Assim seguimos…. Nesse momento, vimos a necessidade de termos uma Doula que pudesse nos acompanhar num parto hospitalar. Surge
Gisele Muniz na nossa história de Vida. No segundo encontro, em nossa casa, Gisele levantou novamente a possibilidade do Parto Domiciliar – com 36 semanas de gestação!!!! Retomar essa ideia – que nunca saiu da minha cabeça – parecia Divino demais…. Sim, as malas para o hospital já estavam prontas, a vida já estava planejada, já tínhamos plano para deixar Isabela com os avós e correr para o hospital, tudo parecia ser o planejamento perfeito. Mas quem planeja? Eu levo fé num planejamento espiritual, que precisamos ter olhos de ver…. Com 37 semanas, tudo que aparentemente parecido “planejado” mudou. Nos permitimos mudar. Ariana topou pois já estava nos acompanhando a gestação inteira; Drielle também topou; a distância da Matenridade mais próxima foi refeita e se encaixava no tempo protocolar do PD. Aí a correria foi geral: providenciar todos os materiais necessários a tempo. 1 semana e 3 dias foi o tempo que Letícia nos deu. Nossos cúmplices (apesar de algumas dificuldades de aceitação) foram nossos pais e Isabela que dizia “a Ariana vem aqui em casa para ajudar minha irmã nascer da vagina da minha mãe”. E assim foi…. Numa noite esplendorosa de lua, cercados por um verde encantador, pelas forças das águas, as contrações chegaram mais intensas em torno das 23h. Seria o início do trabalho de parto ou contrações de treinamento? Conhecedoras que são, a equipe de Mulheres Maravilhas se encaminhou para nossa casa. Chegaram 1h40 min. Havia acabado de sair do banho… as mãos de Gisele encontraram as minhas costas; alívio imediato; Ariana chegou para confirmar que Letícia estava bem e trabalhando para nascer. As dores foram ficando MUITO mais forte. Sábias, encaminharam para a piscina. Foi a parte mais intensa… o instinto animal vem à tona. A leoa surge e ruge. Com dificuldade de manter uma posição mais confortável e que garantisse o acompanhamento de Letícia, foi necessário sair da piscina. Ariana viu que Letícia estava bem… Gisele sugere parir na banqueta. A partir daí foram duas contrações para Letícia Renascer. Às 3h27mim, chegou chegando e estourando bolsa na saída (Ariana que o diga). Os primeiros momentos foram indescritíveis, definir os sentimentos me parece impossível. Ter durante todo esse processo a presença do Daniel foi fundamental, foi o pilar, foi o ponto de segurança, foi a certeza que tudo daria certo… Isabela? Dormia e nos ajudava nesse processo intensamente. Os momentos pós-parto foram os mais difíceis. Mas contávamos com a equipe de Mulheres Maravilhas. Pessoas sensíveis, atentas, comprometidas e extremamente competentes, conseguiram reverter as dificuldades, solucionando cada intercorrência que surgiu. Às 6h, quando Isabela acorda, tem a grata surpresa de conhecer a irmã. Foi lindo demais!
A Rede de Apoio… Se o coração da minha mãe ficou apertado pois o combinado era que ela participasse, mas não conseguimos executar, o coração do meu pai não sofreu menos. Estava no quarto, dormindo com Isabela e acompanhado os gritos da filha (em silêncio). Após o nascimento, todo suporte oferecido pelas avós e avô. Contar com vocês nesses momentos, torna as coisas um tantão menos difíceis.
Agradecimentos eternos a Equipe Sankofa e a Doula Gisele Muniz