Mariane Marçal
Brief info
Desde criança assistia vídeos sobre parto e ficava maravilhada com o momento do nascimento. Era algo mesmo divino, para mim. A obstetrícia me levou a fazer faculdade de enfermagem e no 6º período da graduação, ao assistir o primeiro parto natural, ao vivo, eu chorei junto com aquela família. Não sei bem dizer o que eu senti, mas era uma energia muito forte e indescritível.
Após me formar, segui o sonho e fiz a residência de Enfermagem Obstétrica na UERJ. Durante esse período, passei por algumas maternidades públicas do Rio de Janeiro e conheci Ariana, como preceptora em uma das maternidades que passei enquanto residente, foram poucos encontros mas o suficiente para admirar e ter como referência profissional.
Após a residência, continuei a caminhada realizando pós graduação em saúde pública na ENSP- FIOCRUZ e ingressei no mestrado em Relações étnico raciais no CEFET, pesquisando sobre mortalidade materna da mulher negra em Japeri.
A temática racial há muito me incomodava e senti a necessidade de trabalhar essa questão, depois de muitas situações vividas que envolviam a negritude. Nesse momento, não por coincidência, reencontrei Ariana, que me apresentou um projeto. O projeto Sankofa surgira do seu desejo de atender parto domiciliar, acessível e com dignidade para mulheres periféricas, pobres, e negras, que não tinham acesso a esse tipo de assistência.
Foi um encontro único, cheio de espiritualidade e sensibilidade. A princípio era apenas uma experiência de aprendizado, mas deu certo e o projeto foi fluindo e me fez uma parteira urbana do Sankofa, ao lado de parceiras incríveis. O Sankofa é um projeto do qual tenho muito orgulho, gratidão e carinho; pois deu sentido a minha escolha profissional e de vida, enquanto enfermeira obstétrica, mulher negra e mãe.