Aline
Brief info
Conheci a enfermagem obstétrica durante o quarto período da faculdade, onde pude rever alguns conceitos assustadores sobre trabalho de parto e parto. Meu primeiro encontro com o parto antes disso havia sido assustador, onde via mulheres sozinhas, longe de suas famílias, privadas de comida e água, ficavam o tempo todo deitadas sem possibilidade de andar ou mudar de posição. No momento do parto, elas foram levadas para uma sala, onde foram submetidas a uma episiotomia e manobra de Klisterer, para "facilitar o nascimento" de seus filhos. Se gritavam, eram silenciadas ao som de: - Não foi bom, na hora de fazer?
Então, quando fui apresentada às metodologias não farmacológicas e às evidências científicas para a assistência ao parto, percebi que o que eu havia presenciado antes era a mais pura violência obstétrica e que havia a capacidade de prestar uma assistência ao parto de forma respeitosa em harmonia com a fisiologia. Ingressei, portanto, na Residência em enfermagem obstétrica com o desejo de saber mais e poder contribuir para dar a conhecer às mulheres e famílias a possibilidade de parir com respeito e dignidade de acordo com a fisiologia ligada às práticas e saberes ancestrais.
Trabalhei na Maternidade Maria Amélia, no Centro do Rio de Janeiro (Centro de Parto Normal) e no projeto Cegonha Carioca, na classificação de risco e também em várias outras maternidades do Estado do Rio de Janeiro. Hoje, trabalho com Obstetrícia de Alto Risco, que é um grande desafio, e no projeto Sankofa, onde reencontrei amigas e parceiras desde o início da minha jornada na obstetrícia. Conheci outras que me inspiram muito. Trabalhar na assistência ao parto domiciliar planejado e no acompanhamento pré-hospitalar é um grande sonho realizado. Poder encontrar neste ambiente: respeito, amizade, amor, troca de conhecimento e harmonia, é uma dádiva.